Restaura-me


Texto: Salmos 126

INTRODUÇÃO
Todos querem, desejam sorte. Alguns, buscando salvaguardar a sua sorte, utiliza-se de trevo de quatro folhas; comem lentilha no final de ano; biscoito da sorte; usam pé de coelho; usam roupas brancas na virada do ano; põe roupas í­ntimas novas; jogadores entram em campo com o pé direito; utilizam sempre a mesma cor de roupa; alguns usam sempre as mesmas meias brancas em decisão.

Na internet, são inúmeros os sites que tratam de sorte, talvez porque todos querem acertar sua sorte. Num deles, está escrito: Você  é  capaz de realizar todos os seus sonhos e desejos; confie no seu poder pessoal; na grandeza do seu ser superior . Acredite que tudo é possível.  Basta você querer. Seja rico; feliz; tenha saúde.

Quando se pensa em sorte, pensa-se em loterias diversas; jogo do bicho; simpatias; horóscopos; superstição, etc. Quando se fala em sorte, espera-se que o amuleto possa realizar seus desejos, por si mesmo ou por ajuda de coisas (pedras; cores; objetos, etc. Eis ­ o grande problema da sorte do ser humano, que por si só não pode mudar a sua vida ou sorte.

 A bí­blia é um livro muito preocupado com a sorte, tanto é que existem 260 citações com o vocábulo sorte, sem contar com as variáveis.
Sorte significa - quinhão; parte; porção; resultado; destino.

CONTEXTO
 Para entendermos o porquê da alegria demonstrada no Salmo 126, precisamos nos recorrer ao contexto do Salmo 137. Na verdade, o Salmo 126 foi concebido ante a lembrança do Cativeiro babilônico, ocasião em que o templo foi destruí­do. Este cântico foi escrito pelos primeiros que  retornarem a Jerusalém.

 

 CATIVEIRO - Cativeiro significa privacidade parcial ou total de liberdade. Perda de identidade. Lembranças do que deixou para traz: família; filhos; casa; trabalho; alegria; maus tratos; racionamentos, comidas... Ultimamente, podemos dizer que conhecemos muito bem o significado da palavra cativeiro. Cativeiro provoca tristeza, choro


Provavelmente, o salmo se refira à volta do exílio da Babilônia, fato memorável da história do antigo Israel, narrado no livro de Esdras. O contexto nos ajuda a entender o salmo, mas seu significado aplica-se ao alívio de qualquer situação aflitiva. Nós também, em nosso país, em nossa casa, em nosso trabalho, no meio de nossas amizades  podemos estar na condição de exilados ou de ex-exilados. Muitas vezes em nossas vidas, "a alegria parece morar no passado, porque o presente é feito só de lágrimas".  Podemos estar exilados de Deus e precisamos voltar para Ele.

Aplicação: Quem sabe você tem chorado de saudade da época em que você era feliz e não sabia. Da época em que você tinha liberdade. Da época em que você  sentia prazer naquilo que realizava.

 Tristeza, apesar do sucesso. Sem dúvida alguns muitos dos exilados passaram a se dar bem na Babilônia, e a arqueologia revela que alguns judeus até montaram firmas comerciais naquela capital; as almas mais sensíveis e devotas, no entanto, achavam melhor chorar por Jerusalém e lembrar-se do culto no templo, do que se entregar aos prazeres babilônicos.
OBS: Cativeiro paralisa é preciso buscar a Deus para sair dele.
Salmo 137. 2-3 Nos salgueiros que lá  havia, pendurávamos as nossas harpas, pois aqueles que nos levaram cativos nos pediam canções , e os nossos opressores, queriam que  fôssemos alegres, dizendo: Entoai-nos algum dos cânticos de Sião.

 Em face da privacidade da liberdade; em face de você  ter sido conduzido para um lugar de forma truculenta; contra a sua vontade, não há  como desempenhar seus dons; seus talentos.
No caso dos judeus, a paralisia se dava, principalmente, porque os babilônios desejavam ouvir suas músicas para se divertirem.  Já pensaram, ter que cantar para o próprio seqüestrador. Era essa, a situação dos judeus. Estavam com seus dons inativos por medo que os opressores insistissem no seu pedido, querendo que tocassem e cantassem os  hinos consagrados ao culto divino para diversão e zombaria dos que queriam fazer piquenique na sombra dos judeus, os Judeus  penduraram as harpas bem altas em salgueiros frondosos que as escondiam de vista.

Aplicação: Quantas vezes temos sido limitados por terceiros. Muitas vezes queremos limitar nossos filhos; nossa esposa; nosso esposo; nossos funcionários. Quantas vezes temos ouvido tacitamente a expressão: Daqui você não passa, e o pior que muitas vezes, ainda desejam que sejamos alegres, acomodados com essa situação. O Diabo quer tirar a sua sorte. Deus quer restaurar a sua Sorte.

Era essa a situação do povo Israelita descrita no salmo 137... Mas no Salmo 126 o contexto é outro e sabe Por quê? Salmo 126.1-3

I - SÓ DEUS PODE RESTAURAR A SORTE
"Quando o Senhor trouxe os cativos de volta a Sião, foi como um sonho.Então a nossa boca encheu-se de riso, e a nossa língua de cantos de alegria. Até nas outras nações se dizia: 'O Senhor fez coisas grandiosas por este povo'.   Sim, “coisas grandiosas fez o Senhor por nós, por isso estamos alegres”. 
OBS: Precisamos celebrar as nossas libertações todos os dias Deus tem nos libertado de nós mesmo, dos outros e das situações.

O poeta olha para o seu presente e talvez se aflija (como parece indicar o verso 4 "restaura-nos"). Então, olha para o passado do seu povo e fica extasiado diante do que Deus fez. Ele diz que a libertação (à volta para casa) foi tão esperada (esperada,  desejada), que parece algo irreal.

II -  A RESTAURAÇÃO  PROVOCA NUVEM DE  TESTEMUNHOS
“Até nas outras nações se dizia: 'O Senhor fez coisas grandiosas por este povo'.”   
 Os risos de alegria e os gritos de júbilo que acompanhavam os exilados que saiam do cativeiro na Babilônia, e que ecoavam nos desertos que atravessam, eram o testemunho diante das nações  pagãs de que grandes coisas Deus fizera em prol do Seu povo. Você pode adotar, ainda nos dias de hoje, a regra de que "A alegria em Deus  é uma pregação em prol da causa de Deus". A alegria de Israel testificou
do Poder De Deus. A volta de Israel á  sua terra ensinava os pagãos que o Deus de Israel era um Deus misericordioso, poderoso, guerreiro  que misturava a graça  e o amor com os pronunciamentos do Juí­zo.

Aplicação: Ontem estava Conversando com  uma irmã sobre a  alegria de ser de Deus e saber que tudo está  no controle dele. Quando vamos nos acostumando com as bênçãos, começamos a nos achar auto-suficientes; achamos que podemos conquistar o que desejarmos apenas pela nossa própria  capacidade, isso é um erro que pode nos levar de volta ao cativeiro.
 Veja a  Preservação Divina -  A volta era uma declaração de que a providência divina tinha acompanhado O povo de Deus durante todo o perí­odo do cativeiro. A nação tinha passado pelo fogo da purificação, mas a prata, o ouro tinha sido conservada em toda a  sua pureza.

Veja o Propósito Divino -  Deus restaurou Seu povo porque tinha um propósito para ele no mundo - proclamar a Palavra de Deus e preparar o caminho para o Salvador.
OBS: DIGA, DEUS TEM UM PROPOSÍTO PARA MINHA VIDA.

III – A RESTAURAÇÃO PROVOCA ORAÇÃO 
Salmo 126.4. SENHOR, restaura a nossa sorte, como as torrentes no Neguebe".

Restauração Completa. Nas terras áridas do sul da Palestina (O Neguebe), podem-se ver os leitos secos de muitas torrentes. Então, vão começando as chuvas, e logo aparecem pequenos fios de água correndo no ini­cio do leito seco; antes de acabarem as chuvas, o fio de água- se transforma em riacho, e o riacho em corredeira.

Nenhuma mudança, grande ou pequena, pode nos deixar sem trabalhos a fazer, porque todas as mudanças são incompletas, e cada uma delas exige de nós novas provações  e novas capacidades para resistência. Assim sendo, a parte de júbilo passa a se misturar com súplicas.

Aplicação: Não se contente com um pequeno fio de água. Restaura nossa sorte como as torrentes do Neguebe. Comece a louvar e a orar pela renovação crescente do casamento. Não  olhe para recaída do marido; do filho; do salário. O Senhor já  restaurou e continuará restaurando.
OBS:  Precisamos continuar orando para que a ação de Deus seja plena (verso 4)

"Senhor, restaura-nos, assim como enches o leito dos ribeiros no deserto". (Salmo 126.4) O poeta, depois de agradecer a libertação, pede restauração. Por que?
*Será que ele não tinha ainda se acostumado com a vitória?
*Será que ele ora por aqueles que ficaram na Babilônia, logo em dificuldade ainda (como sugeriu Atanásio de Alexandria, no século 4)?
Não: ele sabe que o Deus que agiu no passado agirá no presente. Por isto, sua oração é para que Deus complete o que começou a fazer ou que faça de novo, embora em outro contexto. É um pedido por plenitude.
"Restaura-nos" é oração de quem se volta para Deus, depois de estar exilado.
 "Restaura-me" é oração de quem confia por ter visto a libertação.
"Restaura-nos" é oração de quem reconhece que precisa de Deus.
"Restaura-me" é oração de quem olha para o seu problema e vê a solução que Deus providencia como já fez no passado.
"Restaura-nos" é oração de quem sabe que pode desanimar, mesmo depois de tudo o que viu Deus fazer. "Restaura-me" é oração de quem está certo que não há plenitude fora do amor de Deus. 
 OBS: Precisamos semear, mesmo em lágrimas (versos 5-6)

"Aqueles que semeiam com lágrimas, com cantos de alegria colherão.   Aquele que sai chorando enquanto lança a semente voltará com cantos de alegria, trazendo os seus feixes". (Salmo 126.5-6)

Semear com lágrimas é semear sem ver a colheita. Não há como semear, senão com lágrimas, porque a semeadura precede a colheita. Ah esta é a ordem: primeiro a semeadura, depois a colheita. Ouço diretores de empresas reclamarem de jovens que já querem começar pelo topo, indo logo para a colheita, sem passar pela semeadura.

Semear chorando é semear sem saber que vai colher, até mesmo contra a esperança de colher, como quem lança pão sobre as águas (Eclesiastes 11.1). Semeia assim aquele para quem plantar faz parte do seu estilo de vida. Não importa se valerá à pena ou não: ele planta. 

Semear com lágrimas é semear colocando no solo o grão que falta para a boca hoje. É passar fome hoje para ter amanhã. É acordar de madrugada, contra a vontade, para estudar, para trabalhar, para preparar a marmita que talvez esteja fria na hora do almoço. É saber que a vida é feita de esforço.

Semear chorando é viver de um modo em que não há vergonha nas suas práticas. É viver não para ser reconhecido em seu valor, mas viver de tal modo que será reconhecido. Lembro de uma professora do ensino médio cuja vida deu muitas voltas. Ela deu aulas por muito tempo em escolas particulares da sua cidade, o Rio de Janeiro. Sua vida e a de seus alunos seguiram seus naturais cursos. Suas filhas cresceram e alcançaram a universidade. Para o bem delas, a família voltou ao Rio de Janeiro, mas sem emprego. Através de uma comunidade no Orkut, voltou a ter contato com vários de seus alunos. Um deles, empresário, lhe perguntou se precisava de algo e, mais tarde, lhe deu um emprego, ofereceu trabalho para uma de suas filhas e lhe alugou uma casa em condições muito favoráveis. Este seu aluno disse que jamais poderia esquecer a atenção que recebeu quando era estudante. Essa professora semeou; muitos anos depois, colheu; ela não plantou para colher, mas plantou e colheu. Ela viveu de um modo que gerou gratidão.

Semear com lágrimas é para quem sabe que a vida é feita de lágrimas e sorrisos, de insônias e sonos, de sonhos e frustrações, de sombra e luz, de vales e montanhas, de medo e paz, de derrotas e vitórias. Ninguém chega ao topo da montanha, se não subir e ninguém sobe sem suar, sem se perder, sem se cansar, sem tropeçar. Ninguém atravessa o rio, se não nadar ou tomar um barco. Ninguém chega ao seu destino, se não fizer a viagem. Ninguém terminará de ler um livro, se não o vencer página por página. Ninguém construirá uma casa, se não puser tijolo após tijolo na obra. Ninguém participará da sua própria formatura (num curso) ou passará num concurso, se não faltar a festas, deixando sua rotina alegre para construir outra rotina sisuda dominada pelo verbo estudar. Ninguém colherá se não plantar. Ninguém alcançará uma coisa, se não abrir mão de muitas coisas.

Semear chorando é plantar sabendo que não há missão impossível, mas missão a ser realizada, porque Deus faz convergirem às coisas para aqueles que O amam. Só então haverá júbilo, sim, o cântico da colheita será entoado "só quando a cansativa semeadura tiver sido completada e os campos estiverem maduros para a colheita. É neste ponto que nos encontramos no plano perfeito de Deus". O conselho de Tiago é inspirador: "Portanto, irmãos, sejam pacientes até a vinda do Senhor. Vejam como o agricultor aguarda que a terra produza a preciosa colheita e como espera com paciência até virem às chuvas do outono e da primavera" (Tiago 5.7).

Semear com lágrimas é fazer o que precisa ser feito e consagrá-lo a Deus, no sentido de feito para Deus.  

O choro aqui não é de desânimo, desespero e de covardia, e nem é o choro de um fatalista, conformado, que está prostrado nutrindo sentimentos de autocomiseração, e nem de um murmurador passivo e nem muito menos é choro e lamento de um saudosista, que está preso ao passado, como aquele que diz "no meu tempo é que era bom". "No meu tempo"? Uma pessoa viva devia ter a consciência de pertencer ao tempo presente.

As memórias de um saudosista, ainda as mais gloriosas, em vez de produzirem encorajamento para encarar as dificuldades e desafios do presente, inspirando à construção de um futuro melhor, acabam por aumentar ainda mais a dor e frustração diante da crise e chegam ao ponto de até mesmo eclipsar as conquistas e realizações presentes, como no caso daqueles que em vez de celebrarem a inauguração do novo templo choravam amargamente ao recordarem a glória do templo de Salomão. Em vista disto, o Senhor dirá: "A glória dessa última casa será maior do que a primeira, diz o Senhor dos Exércitos; e, neste lugar, darei paz diz o Senhor dos Exércitos ( Ageu 2: 9)!". É como diz a canção de Kleber Lucas: "O melhor de Deus ainda está por vir!". Mas, bem diferente disto, aquele choro era o de quem segue em frente, andando e plantando a semente (v.6), de quem sofre esperançoso de que Deus irá mudar a sua sorte (v.4). É o choro daquele que sabe que seu trabalho e sofrimento não são vãos no Senhor (1 Co 15.58).

CONCLUSÃO

 Prov.  16.33. A sorte se lança no regaço, mas ao Senhor procede toda a decisão.”
* Não  importa que decidiram que você não iria muito longe;
* Não importa que tencionaram selar a sua sorte;
* Não importa que limitaram o seu espaço;
* Não importa que traçaram planos contra a sua vida; sua empresa; sua profissão; sua saúde.
* Deus decidiu te abençoar  com toda a sorte de bens espirituais, e Ele já decidiu que você sairia do cativeiro. Não existe cativeiro que resista ao poder de Deus. Contra a sua vida não existe juiz mexicano; jamaicano; texano; indiano.
*A sua porção; a sua sorte; o seu destino; o seu futuro está nas mãos  do Todo Poderoso
O salmista transforma o milagre do passado em medida para o futuro. Fruto da intervenção divina, a felicidade desfrutada no passado é trazida à lembrança para ser chamada de volta em oração! Há esperança de que o deserto transforme-se em um manancial de águas como as Torrentes no Neguebe. Situações difíceis e extremas são oportunidades para a intervenção milagrosa de Deus. Devemos trazer a memória apenas aquilo que nos pode dar esperança. Discernindo a boa mão do Senhor em nossa história e na vida.

O milagre da história e da vida nos inspira a orar e a trabalhar com confiança. Portanto, nada de ficar murmurando, nutrindo desespero, pessimismo e espírito de autopiedade. Não se entregue a depressão e nem fique acomodado diante da crise. Pois, o mesmo Deus que operou maravilhas no passado e que é Senhor da vida continua a operar no presente. Ele ainda liberta do cativeiro e transforma deserto em um jardim florido. Deus mudará a sorte daqueles que nEle esperam e semeiam com fé.
 Por mais que pareça impossí­vel, Deus pode restaurar  sorte. O ser humano nasceu rodeado de toda a sorte de bênçãos. No Éden Adão  tinha tudo de que precisava, era autoridade sobre tudo e todos e tinha  uma esposa, mas o pecado, tirou a sorte de Adão e Eva, e por conseqüência, a nossa também. Através  de Jesus Cristo, DEUS PODE RESTAURAR A MINHA, A TUA, A NOSSA SORTE, porque Ele é  autor da mesma
Fonte: (MOTYER, J.A. Salmos. Comentário bíblico Vida Nova, 2008, p. 868)


Com Carinho,

Pra. Sandra

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