Quando a
Bíblia se refere à palavra galardão, recompensa a ser recebida no céu, sempre
desperta-me uma curiosidade de como isto se concretizará.
O que nos aguarda é certamente algo grandioso demais (e que vai bem além da nossa percepção humana), pois assim está escrito: "As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam" (1 Coríntios 2:9b).
O galardão é o que cada cristão receberá na exata proporção do amor empregado em todas as coisas feitas para Deus nesta terra.
Entendo, e a Bíblia me assegura disto, que galardão nada tem a ver com salvação, pois esta se obtém unicamente pela fé depositada no sacrifício vicário realizado por Jesus Cristo na cruz do calvário.
Deus julgará cada serviço que realizamos para Ele, e só o Senhor é capaz de saber se o que fazemos é isento de atitudes ou intenções pecaminosas (auto-justificação, barganha, marketing pessoal).
Na distribuição dos galardões pelo Senhor, creio que muitos servos ficarão surpresos, pois a magnitude do esforço terreno em "favor da obra de Deus" talvez não venha corresponder à recompensa do que se irá receber nas mansões celestiais, pois o amor será a régua de medir o trabalho concretamente realizado.
No meu serviço para Deus, nada do que venho fazendo impressiona pelo teor das realizações, pois venho tentando construir com uma preocupação maior nos alicerces ...
Almejo pela chegada daquele grande dia, em que receberei o meu galardão. Se muito ou pouco, só Deus o sabe. Estou certo de que milhões de outros cristãos receberão bem mais do que eu, e isto, com 100% de certeza, não me fará cobiçar o que é dos meus irmãos, pois, como bem sabemos, no céu, não entrará pecado, já que lá estaremos definitivamente livres dos sentimentos carnais (como é o caso da inveja) que ainda carregamos dentro de nós, mesmo depois da nossa conversão.
Portanto, no que se diz respeito aos galardões celestiais, é inequívoco que a eternidade nos reserva grandes surpresas, “...porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração” (1 Samuel 16:7b).
HA NÍVEIS DIFERENTES DE CÉU?
2 Coríntios 12:2 é
o mais próximo que as Escrituras chegam a mencionar a existência de níveis
diferentes de céu: “Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no
corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao
terceiro céu”. Alguns interpretam isso como uma indicação de que há três níveis
diferentes de céu divididos da seguinte forma: um nível para “Cristãos super
comprometidos”, quer dizer, Cristãos que obtiveram um nível alto de
espiritualidade; um nível para Cristãos “comuns” e um nível para os Cristãos
que não foram fiéis em servir ao Senhor. Essa concepção não pode ser sustentada
biblicamente.
Paulo não está dizendo que há três céus ou três níveis de céu. Em muitas culturas da Antiguidade, as pessoas usavam o termo "céu" para descrever três tipos diferentes de "esferas" – o firmamento, o espaço e um céu espiritual. Apesar desses termos não serem especificamente bíblicos, eles são também conhecidos como céu terrestrial, telestial e celestial. Paulo estava dizendo que Deus o levou ao céu "celestial", quer dizer, a esfera onde Deus habita. O conceito de níveis diferentes de céu talvez tenha surgido da Divina Comédia de Dante, onde ele descreve o céu e o inferno como tendo nove níveis diferentes. A Divina Comédia, no entanto, é um trabalho de ficção. A idéia de níveis diferentes de céu não pode ser encontrada nas Escrituras.
No entanto, as Escrituras falam de recompensas diferentes no céu. Jesus disse o seguinte sobre recompensas: "E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra" (Apocalipse 22:12). Jesus disse que Ele está vindo de repente, e quando vier, Ele trará consigo recompensas para dar aos homens de acordo com o que fizeram. Isso nos ensina que haverá um tempo de galardão para os Cristãos. Em 2 Timóteo 4, lemos as palavras de Paulo ao terminar seu ministério: "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda". A distribuição das recompensas será logo depois da vinda de Cristo para arrebatar Sua igreja. Deixaremos esse mundo, encontraremo-nos com Jesus Cristo nos ares, iremos à casa do Pai e então haverá um momento para os galardões.
Apenas as obras que sobreviverem o fogo de purificação de Deus vão ter valor eterno e serão dignas de galardão. Aquelas obras preciosas são conhecidas como “ouro, prata, pedras preciosas” (1 Coríntios 3:12) e são essas obras que foram construídas sobre o alicerce de fé em Cristo. As obras que não serão recompensadas são chamadas de “madeira, feno, palha” na mesma passagem em Coríntios e representam não obras ruins, mas sim atividades superficiais, sem nenhum valor eterno. Os galardões serão distribuídos no “Tribunal de Cristo”, um lugar onde as vidas dos crentes serão avaliadas apenas com o propósito de distribuir as recompensas. O julgamento dos crentes nunca se refere à punição do pecado. Jesus Cristo foi punido pelo nosso pecado quando Ele morreu na cruz, e Deus disse: “Pois, para com as suas iniqüidades, usarei de misericórdia e dos seus pecados jamais me lembrarei” (Hebreus 8:12). Que pensamento glorioso! O Cristão nunca precisa temer punição, mas pode antecipar coroas de galardão que poderemos colocar aos pés de nosso Salvador.
O QUE É GALARDÕES?
O Novo
Testamento fala, com frequência, de galardões futuros reservados para o
cristão. Trata‑se de recompensas ou prêmios, e estão disponíveis a todos. Um
copo de água fria dado a um discípulo só pelo fato de este pertencer a Cristo
será motivo de galardão (Marcos 9.41); e o Senhor avisou que voltará, e que com
Ele estará o galardão para ser dado a cada um segundo as suas obras (Apocalipse
22.12). Aquele que trabalha na obra de Cristo, caso o seu trabalho permaneça,
receberá o seu galardão (1 Coríntios 3.8‑14). Do mesmo modo, aquele que faz o
mal será recompensado também, só que de acordo com o mal que praticou (2 Samuel
3.39).
Não é o galardão o nosso objetivo, mas cada um de nós deveria estar pronto a dizer que é o amor de Cristo que nos constrange a fazer algo por Ele (2 Coríntios 5.14). Mas Deus decidiu dar recompensas por causa de seu amor e graça tão abundantes, para que sirvam de encorajamento em meio aos perigos e dificuldade que enfrentamos no caminho. E devemos ficar atentos para que não percamos nossa recompensa (Colossenses 2.18 e Apocalipse 3.11).
É importante que se deixe bem claro que o galardão ou a recompensa nada tem a ver com a Salvação, que é recebida por fé no Senhor Jesus e graças à Sua obra consumada na Cruz. Nada podemos fazer, de nós mesmos, para recebermos a salvação ou para nos mantermos de posse dela. Trata‑se de um dom de Deus. E quanto às nossas obras aqui, dentre as quais as que são segundo a vontade de Deus serão por Ele recompensadas, naquele dia entenderemos que nada fizemos de nós mesmos: foi Ele mesmo que fez tudo e só nos usou como instrumentos. A princípio não mereceríamos tais recompensas, pois foi tudo obra DEle, mas Seu amor deseja concedê‑las e, com alegria, as receberemos.
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